A existência de um grande número de biótopos confere à área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) uma grande riqueza faunística. Nas suas numerosas grutas, abriga-se uma grande diversidade de seres vivos, de que se destacam os morcegos cavernícolas, facto sublinhado no logótipo do parque, onde figura um morcego estilizado.
No parque, também pode ser encontrada a cobra-rateira, Malpolon monspessulanus, da família Colubridae, a maior cobra que ocorre em Portugal. Os indivíduos adultos alimentam-se principalmente de pequenos roedores, de aves e de outros répteis. Esta cobra produz um veneno com características neurotóxicas, mas é inofensiva para os seres humanos.
A composição do veneno das cobras Colubridae apresenta grande variação intrafamiliar, devido a diferenças nos genes codificadores das toxinas, mas também devido a mecanismos que afetam a transcrição, a tradução e as modificações pós-traducionais. Em algumas espécies, os venenos são ricos em neurotoxinas 3FTx (Three-finger toxins), polipéptidos de cadeia curta, que inibem os recetores da acetilcolina nas junções neuromusculares¹. A acetilcolina é o neurotransmissor responsável pela contração muscular, nomeadamente dos músculos respiratórios.
Nota:
¹ Junções neuromusculares – sinapses entre os neurónios motores e as células musculares.
No organismo das presas, as neurotoxinas 3FTx, presentes no veneno das cobras, impedem
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A neurotoxina 3FTx inibe os recetores da acetilcolina nas junções neuromusculares, impedindo a contração muscular. A acetilcolina é responsável por abrir os canais de íons de sódio (Na⁺) na membrana pós-sináptica, permitindo a difusão facilitada de Na⁺, que é crucial para a transmissão do impulso nervoso e subsequente contração muscular. Portanto, no organismo das presas, as neurotoxinas 3FTx presentes no veneno das cobras impedem: (C) a difusão facilitada de Na⁺, por inibição da abertura dos canais iónicos da membrana pós-sináptica.
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