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Os oceanos funcionam como sumidouros do dióxido de carbono (CO₂) atmosférico. A absorção deste gás e o aumento da sua concentração na água do mar conduzem a um aumento da concentração de ácido carbónico (H₂CO₃), a uma diminuição da concentração de ião carbonato (CO₃²⁻) e a uma diminuição do pH dos oceanos. Este fenómeno é conhecido por acidificação oceânica.
As referidas alterações modificam a dinâmica dos ecossistemas marinhos e desafiam a adaptação de várias espécies, em especial daquelas que, tal como a ostra japonesa, Crassostrea gigas, são dependentes do ciclo do carbono inorgânico do oceano, para, por exemplo, produzirem as suas conchas.
Num dos seus estádios, a larva de Crassostrea gigas passa pela fase de velígera. A velígera é planctónica, distinguindo-se pela sua concha larvar formada, sobretudo, por depósitos de carbonato de cálcio (CaCO₃), resultante da reação de precipitação entre os iões cálcio (Ca²⁺) e os iões carbonato (CO₃²⁻).
Foi desenvolvida uma investigação para avaliar os efeitos do aumento do carbono antropogénico no ecossistema marinho, em particular na sobrevivência e na formação da concha em larvas de ostra japonesa. No âmbito da referida investigação, foram colocadas larvas em três tanques de cultivo: um a pH 8,1 (valor médio de pH nos oceanos), um a pH 7,7 e outro a pH 7,4 (os dois últimos obtidos através da difusão de CO₂ puro).
Nos Gráficos 1 e 2, encontram-se os resultados, registados nos três tanques, relativos à mortalidade de velígeras e à percentagem de velígeras anormais (com deformações na concha), respetivamente.

Questão:
De acordo com os resultados apresentados,
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Vamos analisar cada gráfico. Gráfico 1: "Taxa de mortalidade (%) de velígeras de Crassostrea gigas ao longo do tempo em diferentes condições de pH". Este gráfico mostra a % de larvas de ostra que morreram ao longo de um período de 144 horas (6 dias), sob três diferentes condições de pH (8.1, 7.7 e 7.4). Um pH mais baixo significa maior acidez e, consequentemente, maior concentração de CO₂ na água. Linha Quadrada (pH 8.1 - controlo): Esta linha representa o cenário mais próximo das condições oceânicas atuais ou "normais". Podemos ver que a mortalidade é muito baixa nas primeiras 96 horas e só começa a subir um pouco depois disso, atingindo cerca de 30% em 144 horas. Isso sugere que, em condições ideais, as larvas têm uma boa taxa de sobrevivência nas fases iniciais; Linha Triangular (pH 7.7 - acidez moderada): Esta linha mostra um aumento significativo na mortalidade em comparação com o pH 8.1. A mortalidade começa a aumentar mais cedo (visível já em 48-72 horas) e atinge cerca de 80% em 144 horas. Isso indica que mesmo uma acidificação moderada já é prejudicial para a sobrevivência das larvas.Linha Circular (pH 7.4 - alta acidez): Esta linha demonstra o impacto mais severo. A mortalidade é extremamente alta e rápida, subindo dramaticamente nas primeiras 48-96 horas. Em 96 horas, a mortalidade já está em torno de 85%, e atinge quase 95% em 144 horas. Isso evidencia que ambientes muito ácidos são letais para a maioria das larvas de ostra. Conclusão do Gráfico 1: Há uma relação clara e direta: quanto menor o pH (maior a acidificação), maior a taxa de mortalidade das larvas de ostra.
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Gráfico 2: "Percentagem de velígeras anormais (com deformações na concha) de Crassostrea gigas ao longo do tempo em diferentes condições de pH". O gráfico mostra a % de larvas de ostra que desenvolveram deformações nas suas conchas ao longo do mesmo período de 144 horas, sob as mesmas três condições de pH. As conchas são feitas de carbonato de cálcio, que é mais difícil de formar em águas ácidas com menos iões carbonato. Linha Quadrada (pH 8.1 - controlo): Nesta condição "normal", a percentagem de velígeras anormais começa em torno de 20% e diminui para cerca de 5% em 144 horas. Isso sugere que, mesmo em condições ótimas, uma pequena percentagem de larvas pode ter anomalias, mas muitas recuperam-se ou as anomalias iniciais não persistem. Linha Triangular (pH 7.7 - acidez moderada): Aqui, a percentagem de anomalias é visivelmente mais alta do que no pH 8.1. Isso indica que a acidificação moderada leva a um número maior de larvas com deformações na concha. Linha Circular (pH 7.4 - alta acidez): Esta linha mostra a maior percentagem de velígeras anormais. Começa em torno de 70% e diminui para cerca de 50% em 144 horas. Apesar da diminuição observada ao longo do tempo, os valores são mais altos do que nas outras condições de pH. Isso sugere que a alta acidez dificulta severamente a formação adequada das conchas. Conclusão do Gráfico 2: Quanto menor o pH (maior a acidificação), maior a percentagem de larvas de ostra que apresentam deformações na concha.
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