A polinização animal é importante para a produção agrícola, em particular para a produção de frutos e para uma parte significativa das culturas hortícolas. No entanto, a monocultura intensiva pode ser prejudicial aos insetos, por falta de recursos florais e de locais de refúgio.
Devido à perda de habitats, ao uso de pesticidas, às alterações climáticas e às doenças, tem-se verificado o declínio das populações de abelhas, importantes agentes polinizadores.
Realizou-se um estudo em campos de cultura intensiva de abóbora para avaliar os efeitos dos fatores seguintes na polinização:
− disponibilidade de habitats seminaturais (plantas herbáceas não cultivadas e floresta);
− visitas de abelhas das espécies Apis mellifera e Bombus terrestris.
Foram testadas algumas hipóteses, de entre as quais se destacam as seguintes:
Hipótese 1 – o número de grãos de pólen depositados nas flores de abóbora está diretamente relacionado com o número de visitas de Apis mellifera e de Bombus terrestris.
Hipótese 2 – o número de visitas de insetos polinizadores é mais elevado em campos adjacentes a habitats seminaturais do que em campos adjacentes a outros campos de cultura.
Métodos e condições experimentais
1 – O estudo realizou-se em 18 campos de cultura de abóbora, Cucurbita maxima, cada um com uma área de cerca de 3 ha.
2 – Os campos de abóbora estavam rodeados de paisagens que diferiam na quantidade relativa de habitats seminaturais e de campos de cultivo (milho, trigo ou batata), num raio de 1 km.
3 – A temperatura média anual da região é de cerca de 11 ºC, e a precipitação média anual é de 700 mm.
4 – Foram feitas observações das visitas de insetos polinizadores e foram recolhidas amostras de pólen ao longo de 4 trajetos em cada campo.
5 – As visitas dos polinizadores foram gravadas em vídeo, ao longo de períodos de 15 minutos, em 3 dias de julho, durante a floração, nas horas em que os estigmas¹ estão recetivos e os grãos de pólen estão disponíveis e são viáveis.
6 – As amostras de pólen depositado foram recolhidas nos estigmas das flores visitadas.
Resultados
Foram observadas 2100 abelhas, das quais 79% pertenciam à espécie Apis mellifera, 14% pertenciam à espécie Bombus terrestris e 7% pertenciam a outras espécies.
Na Figura 2, constam outros resultados deste estudo.
Nota:
¹ Estigmas – locais das estruturas reprodutoras femininas onde os grãos de pólen são depositados.
Explique de que modo os resultados expressos nos gráficos A e B da Figura 2 validam a Hipótese 1, apenas para uma das espécies.
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Vamos analisar a estrutura dos gráficos A e B. Eixo X (Horizontal): Representa a variável independente (aquilo que estamos a observar). No nosso caso, é o "Número de visitas" de cada tipo de abelha. Eixo Y (Vertical): Representa a variável dependente (aquilo que está a ser afetado pela variável independente). No nosso caso, é o "Número de grãos de pólen por flor feminina". Pontos: Cada ponto no gráfico representa uma observação individual. Por exemplo, um ponto pode indicar que num determinado campo, houve X visitas de abelhas e Y grãos de pólen foram depositados. Linha de Tendência (ou Linha de Regressão): É uma linha que os investigadores adicionam para mostrar a tendência geral dos pontos. Ajuda a visualizar se há uma relação, e qual a direção dessa relação (aumenta, diminui, ou não há relação clara).
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Se lermos o gráfico A: Quando o número de visitas de Bombus terrestris é baixo (ex: perto de 10 visitas no eixo X), os pontos correspondentes no eixo Y (grãos de pólen) tendem a ser mais baixos (ex: entre 8.000 e 12.000). Quando o número de visitas de Bombus terrestris é alto (ex: perto de 50 ou 60 visitas no eixo X), os pontos correspondentes no eixo Y (grãos de pólen) tendem a ser mais altos (ex: entre 12.000 e 18.000). Existe uma linha reta (regressão) que sobe da esquerda para a direita. O facto de ela estar a subir indica que, à medida que o número de visitas de Bombus terrestris aumenta, o número de grãos de pólen depositados também aumenta - relação direta ou proporcional. No Gráfico B, os pontos estão espalhados de forma mais aleatória. Não há uma tendência clara de aumento ou diminuição dos grãos de pólen à medida que as visitas de Apis mellifera aumentam. Pode ter um número baixo de visitas (ex: 40) com um número alto de pólen (ex: 16.000), e um número alto de visitas (ex: 100) com um número médio de pólen (ex: 8.000). Aqui não conseguimos traçar uma linha de regressão. Se houvesse uma linha, ela seria quase horizontal ou os pontos estariam muito dispersos. Isto indica que não há uma relação direta ou proporcional evidente entre o número de visitas de Apis mellifera e a deposição de pólen.
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